Robert Patten (1942-2013)

Robert-Patten

Nas comemorações de Abril, no museu Malhoa, frente à imagem que este pintor entendeu ser a de Leonor, cantámos as Heróicas de Fernando Lopes-Graça. Ao piano um inglês do Yorkshire, o Robert Patten. Se alguma desconfiança transpareceu na face da neta da rosa de Lencastre, logo se dissipou quando ouviu aquele filho da rosa de York tocar os cravos de Abril. Quando o calor de Julho fez cantar as cigarras e doirar os trigais, o Robert decidiu partir e o coral das Caldas da Rainha perdeu o pianista, o tenor e o amigo. Uma perda irreparável.

Robert, com a sua mulher Pamela, juntou-se ao nosso coro quando decidiu deixar a Inglaterra e rumar à região das Caldas da Rainha. Com carinho trouxe-nos canções inglesas e galesas por ele harmonizadas, e com infinita paciência explicava-nos as subtilezas da sua poesia. Ao piano repetia, vezes sem conta, os acordes que nos traziam de volta ao ritmo e à afinação necessários. Com a fleuma típica da sua gente, de olhos fechados, tentava compreender, e aceitar, os nossos atrasos e rebeldias meridionais que, mais do que a desafinação, feriam a sua disciplina anglo-saxónica.

A esta hora, temos a certeza que discute com Lopes-Graça as subtilezas dissonantes das Heróicas.

Obrigado Robert por ter feito escala nas Caldas da Rainha. Nos nossos corações será até à eternidade.

(Texto de João Alves — Coral das Caldas da Rainha)

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